Os aplicativos de criptomoedas no Brasil podem chegar a mais de 50% da população até 2030
Descrição
O Brasil já caminha para colocar os criptoativos no bolso, literalmente, de dezenas de milhões de pessoas. Um estudo da Sherlock Communications mostrou que 24% dos brasileiros possuíam algum criptoativo em 2024, ante 14% no ano anterior, o que demonstra uma curva de adoção raramente vista em outros produtos financeiros.
Projeções compiladas pela equipe de Research do Mercado Bitcoin indicam que, até 2030, o contingente de usuários e investidores pode alcançar quase 120 milhões de pessoas, algo em torno de metade da população nacional. E isso não se limita a bitcoins ou a grandes altcoins já estabelecidas no mercado.
A curiosidade, e a busca por melhores opções de investimentos, faz com que novas criptomoedas conquistem espaço e público rapidamente oferecendo soluções a problemas reais. Em fóruns, grupos de Telegram e comparadores de preços, brasileiros trocam dicas e conhecimentos, criando comunidades.
O que faz um app cripto viralizar
Se o investimento em ativos digitais cresce depressa, ele cresce ainda mais rápido no celular. Dados da Anatel mostram que o país encerrou abril de 2025 com 265 milhões de linhas móveis ativas, uma teledensidade de 99,07 aparelhos para cada 100 habitantes. Em outras palavras, há praticamente um smartphone por pessoa.
Nesse ambiente “mobile first”, os aplicativos que disparam na Google Play combinam três ingredientes, a integração nativa com o PIX e, em breve, com o Drex (a moeda digital do Banco Central), programas de cashback convertidos diretamente em cripto e interfaces que simplificam staking ou rendimento automático.
Não por acaso, fintechs como Mercado Bitcoin, Nubank Cripto e Binance Lite vêm aparecendo entre os apps de finanças mais baixados, segundo o ranking mensal da Sensor Tower. A aposta no Drex é decisiva, já que o cronograma oficial aponta lançamento ao público ao longo de 2025.
Isso, claro, após a fase-piloto que hoje envolve institutos financeiros no teste de contratos inteligentes. A confiabilidade institucional também ajuda. Uma pesquisa informa que parte desse boom se deve à percepção de segurança regulatória. Mais da metade da população brasileira deverá usar Bitcoin e criptomoedas até 2030, segundo o estudo da State of Digital Assets.
A força regulatória que acelera a corrida
Nem todo país combina apetite digital, conexões móveis e uma moldura legal clara. O Brasil, sim. Desde a sanção da Lei 14.478/2022, conhecida como Marco dos Criptoativos, prestadores de serviços virtuais só podem operar com autorização federal, medida que reduziu fraudes e atraiu capital institucional.
Além disso, o sandbox regulatório da CVM testa inovações sem sufocá-las, enquanto o Banco Central conduz o Drex para que, já em 2025, contratos inteligentes e tokenização de títulos públicos estejam disponíveis nos grandes bancos. Juntos, essas coisas criam um ambiente em que baixar um app, completar KYC e começar a negociar cripto leva poucos minutos, e não mais dias ou semanas.
Geração Z e o efeito rede social
Se os números impressionam, parte do motor está nos nascidos entre meados de 1995 e 2010. Essa geração consome conteúdo financeiro no TikTok e no Instagram, troca NFTs em servidores do Discord e, sobretudo, prefere resolver tudo pelo celular, sem falar com gerente de banco.
Quando alguém compartilha um print de valorização de 20% em uma madrugada, milhares correm para instalar ou atualizar o aplicativo de preferência, e acompanhar o portfólio em tempo real. Ferramentas gratuitas viralizaram justamente por notificar preços, notícias e alertas personalizados.
Não é exagero, portanto, dizer que as carreiras de influencers e desenvolvedores se encontram aqui. Enquanto criadores de conteúdo educam e estimulam a audiência, quem programa os aplicativos incorpora gamificação, selos, missões diárias, quizzes, que recompensam o usuário em satoshis, pontos ou NFTs.
Tokenização (RWA) e novas fontes de renda
A discussão sobre “cripto para todos” ganhou corpo com um dado que salta aos olhos, o que o mercado mundial de tokenização poderá valer 1 trilhão de dólares já em 2025, segundo o relatório State of Digital Assets. Essa cifra, que há dois anos soaria exagerada, vem se tornando plausível.
Isso porque os setores tradicionais, do imobiliário ao esportivo, descobriram que fracionar um ativo físico em milhares de tokens reduz custo, burocracia e barreiras geográficas. No Brasil, isso já não é teoria. A Agrotoken, que começou tokenizando sacas de soja e milho, já converteu 230 toneladas de grãos em criptoativos e projeta movimentar entre $200 milhões e 300 milhões de dólares em 2024.
Outro termômetro desse mercado é o das stablecoins, que somam 250 bilhões de dólares em capitalização e funcionam como “ponte” entre dinheiro fiduciário e tokens fracionados. Na prática, cada vez que alguém usa real para comprar BRZ ou USDC dentro de um app brasileiro, abre-se uma porta para adquirir frações de imóveis, recebíveis agrícolas ou títulos do Tesouro tokenizados.